Esta medida, segundo agentes ligados ao sector, é uma séria ameaça ao turismo de paquetes e ao nível de vida dos madeirenses, que já pagam os portos mais caros da Europa.
"A Madeira esteve servida por cinco navios e agora só tem três navios, pois os armadores estão a ter prejuízos todos os anos. Se aumentarem o valor das taxas, os armadores não vão ter qualquer possibilidade de encaixar o aumento dos custos, pelo que só há uma alternativa, que é fazer repercutir essa taxa nos consumidores", afirmou o presidente da Associação de Armadores.
Rui Raposo revelou que "se os preços tiverem de aumentar as pessoas têm de saber porque razão isso acontece e por isso os armadores estão a ponderar criar uma taxa 'APRAM' (Administração de Portos da Madeira)".
Chris Blandy, responsável pela Agência Blandy e delegado na Madeira da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, não tem dúvidas que "o aumento das taxas terá um impacto muito negativo, pois os armadores programam as escalas dos paquetes com quase dois anos e um aumento assim, de um dia para o outro, teria impactos negativos no ponto de vista do destino Funchal".
Também João Welsh, o patrão da agência de 'shipping' João de Freitas Martins, revela que este é "um assunto que preocupa muito, porque ao longo dos últimos anos o porto do Funchal tem conseguido ganhar competitividade, visível no número de escalas e passageiros".
O mercado dos cruzeiros é responsável por uma receita de 50 milhões de euros e "um aumento agora, exagerado, nas taxas portuárias poderá ter consequências nesta actividade", sugere.
Adianta ainda que "um aumento indiscriminado das taxas portuárias poderá não significar um aumento de receitas para a região, porque provavelmente isso poderá ter consequências do lado dos cancelamentos ou de diminuição de escalas no porto da Madeira".
Este agente alerta para o posicionamento de Marrocos e Canárias, dos portos do Sul de Espanha para pedir "uma análise comparativa do custo global de uma escala no Funchal em relação a outros portos".
O responsável da agência Ferraz, Carlos Santos, prestador de serviços aos navios da Costa Crociere, na Madeira, não tem dúvidas que "um aumento de 15 por cento seria um suicídio".
Contrapõe dizendo que "basta haver uma companhia, que por este aumento deixe de ir à Madeira com um, dois ou três barcos para, num instante, se perderem 250 mil euros de receita por navio", lembrando este agente que "este verão, a Costa Crociere e a MSC não vieram à Madeira para pouparem combustível, algo que já não acontecia há muitos anos".
Com os portos de Lisboa e Leixões a manterem este ano o mesmo tarifário do ano passado, os agentes madeirenses não percebem como pode o governo de Lisboa exigir à Madeira um agravamento que a "troika" não impôs ao país, lamentando que Alberto João Jardim não tivesse salvaguardado as taxas portuárias, tal como fez no caso das aeroportuárias.
Pelo Porto do Funchal passaram no ano passado 540.180 passageiros, resultado de 303 escalas, sendo este o maior porto nacional de cruzeiros. Lisboa contabilizou 330 escalas, mas apenas 502 mil passageiros.
CRÉDITOS DE TEXTO:CM JORNAL
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