Eram três os homens a necessitar de socorro, depois de o seu pequeno barco de pesca ter ficado sem motor, em finais de fevereiro de 2012, ao largo do Panamá. Passageiros de um navio de cruzeiros da companhia Princess Cruises avistaram-nos e deram o alerta. Mas em vão, o navio prosseguiu a rota sem se desviar. A empresa diz agora que nem o comandante nem o oficial de serviço foram avisados.
Os pescadores, todos panamianos, viam terra mas estavam demasiado longe para os seus telemóveis captarem rede.
Durante 16 dias andaram à deriva, percorrendo mais de 100 milhas náuticas, a racionar os peixes pescados antes destes apodrecerem e a escassa água potável que existia a bordo. Um primeiro navio passou-os de noite mas não parou, apesar deles terem incendiado um pano.
Dias depois, surgiu no horizonte o navio de cruzeiros Star Princess, na sua direção. Os três homens pensaram que estavam salvos.
Adrain Vasquez, de 18 anos, agitou para cima e para baixo uma camisola vermelha, chamando a atenção. Apesar de já muito fraco, o comandante do barco, Elvis Oropeza Betancourt de 31 anos, conseguiu juntar-se-lhe, abanando um colete salva-vidas cor de laranja.
A bordo do navio de cruzeiros, sabe-se agora, alguns passageiros deram pelo aviso. Eram observadores de aves e possuíam máquinas fotográficas com teleobjetivas. O primeiro a dar o alarme foi Jeff Gilligan, de Portland, no Oregon. Depois foi a vez de Judy Meredith, do mesmo estado norte-americano.Avistamento
Ela afirma ter visto claramente o barco e alguém a acenar com uma camisa vermelha. "Ninguém abana uma camisa daquela maneira só por simpatia, ele estava desesperado por captar a nossa atenção," lembra Judy.
Impossibilitada de ir à ponte, Judy diz que chamaram um representante comercial dos Princess Cruises a quem mostraram o barco a deriva e que este assegurou que ia alertar a tripulação.
Insatisfeita, ela ainda foi à sua cabine, anotou as coordenadas a partir da televisão do navio e enviou um e-mail à Guarda costeira norte-americana, na esperança de que eles fizessem seguir o alerta. Enviou uma cópia igualmente ao filho.
Ao regressar ao deck, ainda avistava o pequeno barco. Mas nada sucedeu. E o baco desapareceu de vista. "Estavamos todos como doidos, a pensar que mais nada se passava.""Deus não os perdoará"
Gilligan deixou de tentar ver o barco em dificuldades. "Era muito perturbador. Perguntávamos às pessoas o que acham que devemos fazer?? E elas diziam que já tínhamos feito tudo o que podíamos," lembra o norte-americano.
O Star Princess não parou. Elvis e Fernando Osario, o outro pescador, acabaram por morrer e só Vasquez se salvou, socorrido por um barco de pesca ao largo do Ecuador ao fim de 28 dias à deriva.
"Eu disse, "Deus não os perdoará", recordou Vasquez, que relatou o sucedido às autoridades panamianas mal regressou a casa. "Ainda sinto raiva quando me lembro daquilo," acrescenta.
Vasquez reconheceu-se nas fotografias tiradas por Gilligan com lentes 300 mm. "Sim é isso. É isso. Somos nós. Pode ver ali a camisola vermelha que estou a abanar e, por cima, o pano que pusemos para nos proteger do sol," diz. Alerta não chegou ao comandante
Judy Meredith, por seu lado, não conseguia dormir e, mal soube do salvamento, denunciou o sucedido à Princess Cruises, à Guarda Costeira norte-americana e até à embaixada panamiana.
"Estávamos doentes com aquilo e só queríamos acreditar que o navio tinha alertado alguém", recorda.
Hoje, a empresa Princess Cruises, da Califórnia, reconheceu numa investigação preliminar que vários passageiros avistaram os pescadores e deram o alerta mas acrescentou que este nunca chegou à ponte nem ao comandante do navio, Edward Perrin ou ao oficial de serviço.
"O comandante está devastado", afirma o comunicado da empresa.
Se tivessem sido avisados o comandante e a tripulação teriam desviado a rota para socorrer os homens, tal como os navios da companhia fizeram já mais de 30 vezes na última década, garante ainda a Princess Cruises.
A empresa pediu desculpas pelo sucedido e expressou condolências pelos homens falecidos às suas famílias.
Durante 16 dias andaram à deriva, percorrendo mais de 100 milhas náuticas, a racionar os peixes pescados antes destes apodrecerem e a escassa água potável que existia a bordo. Um primeiro navio passou-os de noite mas não parou, apesar deles terem incendiado um pano.
Dias depois, surgiu no horizonte o navio de cruzeiros Star Princess, na sua direção. Os três homens pensaram que estavam salvos.
Adrain Vasquez, de 18 anos, agitou para cima e para baixo uma camisola vermelha, chamando a atenção. Apesar de já muito fraco, o comandante do barco, Elvis Oropeza Betancourt de 31 anos, conseguiu juntar-se-lhe, abanando um colete salva-vidas cor de laranja.
A bordo do navio de cruzeiros, sabe-se agora, alguns passageiros deram pelo aviso. Eram observadores de aves e possuíam máquinas fotográficas com teleobjetivas. O primeiro a dar o alarme foi Jeff Gilligan, de Portland, no Oregon. Depois foi a vez de Judy Meredith, do mesmo estado norte-americano.Avistamento
Ela afirma ter visto claramente o barco e alguém a acenar com uma camisa vermelha. "Ninguém abana uma camisa daquela maneira só por simpatia, ele estava desesperado por captar a nossa atenção," lembra Judy.
Impossibilitada de ir à ponte, Judy diz que chamaram um representante comercial dos Princess Cruises a quem mostraram o barco a deriva e que este assegurou que ia alertar a tripulação.
Insatisfeita, ela ainda foi à sua cabine, anotou as coordenadas a partir da televisão do navio e enviou um e-mail à Guarda costeira norte-americana, na esperança de que eles fizessem seguir o alerta. Enviou uma cópia igualmente ao filho.
Ao regressar ao deck, ainda avistava o pequeno barco. Mas nada sucedeu. E o baco desapareceu de vista. "Estavamos todos como doidos, a pensar que mais nada se passava.""Deus não os perdoará"
Gilligan deixou de tentar ver o barco em dificuldades. "Era muito perturbador. Perguntávamos às pessoas o que acham que devemos fazer?? E elas diziam que já tínhamos feito tudo o que podíamos," lembra o norte-americano.
O Star Princess não parou. Elvis e Fernando Osario, o outro pescador, acabaram por morrer e só Vasquez se salvou, socorrido por um barco de pesca ao largo do Ecuador ao fim de 28 dias à deriva.
"Eu disse, "Deus não os perdoará", recordou Vasquez, que relatou o sucedido às autoridades panamianas mal regressou a casa. "Ainda sinto raiva quando me lembro daquilo," acrescenta.
Vasquez reconheceu-se nas fotografias tiradas por Gilligan com lentes 300 mm. "Sim é isso. É isso. Somos nós. Pode ver ali a camisola vermelha que estou a abanar e, por cima, o pano que pusemos para nos proteger do sol," diz. Alerta não chegou ao comandante
Judy Meredith, por seu lado, não conseguia dormir e, mal soube do salvamento, denunciou o sucedido à Princess Cruises, à Guarda Costeira norte-americana e até à embaixada panamiana.
"Estávamos doentes com aquilo e só queríamos acreditar que o navio tinha alertado alguém", recorda.
Hoje, a empresa Princess Cruises, da Califórnia, reconheceu numa investigação preliminar que vários passageiros avistaram os pescadores e deram o alerta mas acrescentou que este nunca chegou à ponte nem ao comandante do navio, Edward Perrin ou ao oficial de serviço.
"O comandante está devastado", afirma o comunicado da empresa.
Se tivessem sido avisados o comandante e a tripulação teriam desviado a rota para socorrer os homens, tal como os navios da companhia fizeram já mais de 30 vezes na última década, garante ainda a Princess Cruises.
A empresa pediu desculpas pelo sucedido e expressou condolências pelos homens falecidos às suas famílias.
Créditos de texto: Rtp notícias
Imagem: Golden Tour
Nenhum comentário:
Postar um comentário