A Europa foi no segundo trimestre para a Royal Caribbean Cruises (RCC)
um “consistente” sinal de menos, diz o presidente e CEO do grupo de
operadoras de cruzeiros ao analisar a evolução dos mercados neste
período, em que apresentou um prejuízo de 3,2 milhões de dólares, quando
no período homólogo de 2011 tivera 93,5 milhões de lucro.
A Royal Caribbean assinala que o prejuízo decorre
da perda no seu portefólio de opções de petróleo, mas ao pronunciar-se
sobre o balanço, Richard D. Fain, começa desde logo por dizer que a
sequência de “notícias negativas” que chegam da Europa “está certamente a
ter um impacto”, não descartando, ao contrário do que tentaram fazer
vários players do mercado, designadamente em Portugal, o acidente do
Costa Concordia como uma das causas.
“É difícil distinguir quanto da pressão na Europa está associada ao
incidente do Costa Concordia e quanto se deve à montanha-russa
económica”, explica Brian J. Rice, vice-presidente executivo e CFO
(principal responsável financeiro) da Royal Caribbean, também citado no
balanço.
E acrescenta: “A nossa percepção é que o primeiro [incidente do
Costa Concordia] já não está a ter um impacto grande nas nossas
reservas, especialmente entre clientes com experiência. No entanto, o
timing do incidente deixou um vazio (gap) no período de pico das
reservas e preencher esse vazio está a alterar os nossos padrões normais
de reservas”.
A compensar a Europa, ainda segundo os principais responsáveis da
RCC, estiveram os mercados da América do Norte, maior mercado mundial de
cruzeiros e que Richard D. Fain diz ter “aguentado razoavelmente bem”, e
a Ásia que descreve com um “grande mais”.
“Globalmente vimos uma queda de aproximadamente cem pontos base nas
nossas projecções para o yield, mas esperamos anular mais de metade
disso baixando as despesas”, acrescenta.
O balanço indica que no trimestre terminado a 30 de Junho, a Royal
Caribbean Cruises teve um aumento das receitas totais em 3%, para 1.821
milhões de dólares, mas o resultado operacional caiu 42,4%, para 96,9
milhões, porque as despesas operacionais totais subiram 9,3%, para 1.296
milhões, com os incrementos mais fortes a serem em combustíveis
(+26,5%, para 237,96 milhões), “outras” não especificadas, em 14,5%,
para 303,55 milhões, e alimentação, em 10,2%, para 109,3 milhões.
Depois de outras rubricas de receitas e custos, designadamente em
juros, a Royal Caribbean reporta uma perda de 3,6 milhões de dólares
(93,49 milhões há um ano), embora no conjunto do primeiro semestre se
mantenha lucrativa, com 43,3 milhões de dólares de resultados líquidos,
ainda que 74,8% menores que há um ano.
No conjunto do primeiro semestre, a Royal Caribbean tem um aumento
das receitas em 6,3%, para 3.655,48 milhões de dólares, mas o resultado
operacional cai 26,9%, para 232,28 milhões, porque os custos
operacionais tiveram um aumento de 11,6%, com aumentos de 31,8% no fuel,
para quase 467 milhões, 12,5% em “outras”, para 577,6 milhões, e 11,9%
em alimentação, para 222,9 milhões.
No que respeita à evolução do mercado, o balanço mostra que no
segundo trimestre os operadores da RCC tiveram um decréscimo de 0,2% em
número de passageiros, mas que ainda assim o total de dias de cruzeiro
utilizado aumentou 2,1%, para 8,5 milhões, o que, face a um aumento de
capacidade em 1,8%, para 8,18 milhões, levou a uma subida da taxa de
ocupação em 0,4 pontos, para 104,1%.
O crescimento das receitas em 3%, por sua vez, foi com um aumento do
que as empresas de cruzeiros classificam como receitas líquidas
(descontando comissões, transportes e algumas vendas a bordo), para
1.382,3 milhões, porque simultaneamente o yield net (receita líquida a
dividir pelo total de dias de cruzeiro realizados) aumentou 1,8%, para
168,97 dólares (a dólar constante o aumento teria sido de 4,5%, para
173,34), com um aumento de 1,2% do gross yield (receitas totais a
dividir pelo número de dias de cruzeiro realizados), para 222,59 dólares
(+4% a câmbio constante, para 228,81 dólares).
No entanto, do lado dos custos a evolução foi mais forte, com o Net
Cruise Costs (custos operacionais sem comissões e transportes, entre
outras) a ter um aumento de 11,2%, para 1.104,9 milhões de dólares
(+13,7% a câmbio constante, para 1.129,6 milhões), com o qual o custo
líquido por dia de cruzeiro realizado (Net Cruise Costs) subiu 9,3%,
para 135,06 dólares (+11,7% a câmbio constante, para 138,08), com o
custo operacional total por dia de cruzeiro realizado (Gross Cruise
Costs) a subir 6,2%, para 188,68 dólares (+9% a câmbio constante, para
193,55).
O fuel foi das rubricas que teve maior impacto neste incremento do
custo líquido por dia de cruzeiro, já que sem esse encargo o aumento foi
de 5,8%, para 105,97 dólares (+8,3% a câmbio constante, para 108,55).
Texto: Press Tur
Imagem: Ruí Pais
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