terça-feira, 31 de julho de 2012

Royal Caribbean entra em prejuízo no 2º Trim. com mercado europeu a ser ‘a dor de cabeça’

A Europa foi no segundo trimestre para a Royal Caribbean Cruises (RCC) um “consistente” sinal de menos, diz o presidente e CEO do grupo de operadoras de cruzeiros ao analisar a evolução dos mercados neste período, em que apresentou um prejuízo de 3,2 milhões de dólares, quando no período homólogo de 2011 tivera 93,5 milhões de lucro.
A Royal Caribbean assinala que o prejuízo decorre da perda no seu portefólio de opções de petróleo, mas ao pronunciar-se sobre o balanço, Richard D. Fain, começa desde logo por dizer que a sequência de “notícias negativas” que chegam da Europa “está certamente a ter um impacto”, não descartando, ao contrário do que tentaram fazer vários players do mercado, designadamente em Portugal, o acidente do Costa Concordia como uma das causas.
“É difícil distinguir quanto da pressão na Europa está associada ao incidente do Costa Concordia e quanto se deve à montanha-russa económica”, explica Brian J. Rice, vice-presidente executivo e CFO (principal responsável financeiro) da Royal Caribbean, também citado no balanço.
E acrescenta: “A nossa percepção é que o primeiro [incidente do Costa Concordia] já não está a ter um impacto grande nas nossas reservas, especialmente entre clientes com experiência. No entanto, o timing do incidente deixou um vazio (gap) no período de pico das reservas e preencher esse vazio está a alterar os nossos padrões normais de reservas”.
A compensar a Europa, ainda segundo os principais responsáveis da RCC, estiveram os mercados da América do Norte, maior mercado mundial de cruzeiros e que Richard D. Fain diz ter “aguentado razoavelmente bem”, e a Ásia que descreve com um “grande mais”.
“Globalmente vimos uma queda de aproximadamente cem pontos base nas nossas projecções para o yield, mas esperamos anular mais de metade disso baixando as despesas”, acrescenta.
O balanço indica que no trimestre terminado a 30 de Junho, a Royal Caribbean Cruises teve um aumento das receitas totais em 3%, para 1.821 milhões de dólares, mas o resultado operacional caiu 42,4%, para 96,9 milhões, porque as despesas operacionais totais subiram 9,3%, para 1.296 milhões, com os incrementos mais fortes a serem em combustíveis (+26,5%, para 237,96 milhões), “outras” não especificadas, em 14,5%, para 303,55 milhões, e alimentação, em 10,2%, para 109,3 milhões.
Depois de outras rubricas de receitas e custos, designadamente em juros, a Royal Caribbean reporta uma perda de 3,6 milhões de dólares (93,49 milhões há um ano), embora no conjunto do primeiro semestre se mantenha lucrativa, com 43,3 milhões de dólares de resultados líquidos, ainda que 74,8% menores que há um ano.
No conjunto do primeiro semestre, a Royal Caribbean tem um aumento das receitas em 6,3%, para 3.655,48 milhões de dólares, mas o resultado operacional cai 26,9%, para 232,28 milhões, porque os custos operacionais tiveram um aumento de 11,6%, com aumentos de 31,8% no fuel, para quase 467 milhões, 12,5% em “outras”, para 577,6 milhões, e 11,9% em alimentação, para 222,9 milhões.
No que respeita à evolução do mercado, o balanço mostra que no segundo trimestre os operadores da RCC tiveram um decréscimo de 0,2% em número de passageiros, mas que ainda assim o total de dias de cruzeiro utilizado aumentou 2,1%, para 8,5 milhões, o que, face a um aumento de capacidade em 1,8%, para 8,18 milhões, levou a uma subida da taxa de ocupação em 0,4 pontos, para 104,1%.
O crescimento das receitas em 3%, por sua vez, foi com um aumento do que as empresas de cruzeiros classificam como receitas líquidas (descontando comissões, transportes e algumas vendas a bordo), para 1.382,3 milhões, porque simultaneamente o yield net (receita líquida a dividir pelo total de dias de cruzeiro realizados) aumentou 1,8%, para 168,97 dólares (a dólar constante o aumento teria sido de 4,5%, para 173,34), com um aumento de 1,2% do gross yield (receitas totais a dividir pelo número de dias de cruzeiro realizados), para 222,59 dólares (+4% a câmbio constante, para 228,81 dólares).
No entanto, do lado dos custos a evolução foi mais forte, com o Net Cruise Costs (custos operacionais sem comissões e transportes, entre outras) a ter um aumento de 11,2%, para 1.104,9 milhões de dólares (+13,7% a câmbio constante, para 1.129,6 milhões), com o qual o custo líquido por dia de cruzeiro realizado (Net Cruise Costs) subiu 9,3%, para 135,06 dólares (+11,7% a câmbio constante, para 138,08), com o custo operacional total por dia de cruzeiro realizado (Gross Cruise Costs) a subir 6,2%, para 188,68 dólares (+9% a câmbio constante, para 193,55).
O fuel foi das rubricas que teve maior impacto neste incremento do custo líquido por dia de cruzeiro, já que sem esse encargo o aumento foi de 5,8%, para 105,97 dólares (+8,3% a câmbio constante, para 108,55). 



Texto: Press Tur
Imagem: Ruí Pais

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