Vale registrar que boa parcela dos grandes resorts brasileiros é de capital estrangeiro, cujo dinheiro acaba, em alguma medida, indo para o exterior, assim como se dá com as grandes redes hoteleiras, as demais multinacionais estrangeiras com unidades no Brasil e o fazem, em sentido inverso, as multinacionais brasileiras que operam lá fora, como as empresas catarinenses com fábricas em outros países.
É assim a economia globalizada em que nosso país está irremediavelmente inserido.
No Brasil, as companhias de cruzeiros não têm qualquer vantagem operacional em relação a outros destinos em que operam, muitos menos em relação à hotelaria local, beneficiada com redução de impostos, como recentemente se deu em Florianópolis, ou com débitos fiscais que se acumulam, não são cobrados por suspeitosa omissão do Poder Público e acabam anistiados, premiando os inadimplentes e sonegadores, que muitas vezes se beneficiam de projetos com fundos públicos sem prestar contas a tempo e modo ou prestando-as fraudulentamente. Fora outras questões ainda mais graves, já objeto de ações criminais.
Ao contrário, no Brasil, cada vez menos competitivo no segmento, as companhias de cruzeiros enfrentam infraestrutura portuária precária que traz riscos aos seus navios e desconforto a seus clientes nacionais e estrangeiros; pagam altíssimas taxas portuárias em contrapartida disto e enfrentam uma burocracia desqualificada, ineficiente e corrupta, que vive de criar dificuldades à operação para tentar, sem sucesso, "vender facilidades".
A própria Embratur não ajuda, pois em seu último vídeo promocional ao exterior não há uma única menção ao Brasil como destino e origem de cruzeiros.
Mas é frequentemente omitido que, além dos milhões de reais pagos em taxas portuárias no Brasil, as companhias de cruzeiros pagam, rigorosamente em dia, vários outros milhões em tributos diversos; adquirem em território nacional milhões de reais para abastecer os navios com mais de 3.000 itens que compõem a sua cadeia de ressuprimento, muitos deles produtos catarinenses; movimentam as companhias aéreas e rodoviárias nacionais e estrangeiras que operam no Brasil; nos destinos visitados pelos navios e outros próximos fazem a alegria das transportadoras turísticas, do comércio, da gastronomia e, também, de diversos hotéis, inclusive resorts e representam hoje boa parte da receita das agências de viagens brasileiras.
Muitos dos turistas de cruzeiros que desembarcam em Santa Catarina, fazem passeios a Joinville, ao Beto Carrero World, a Blumenau e compram passeios náuticos em embarcações de pescadores tradicionais e em nossas famosas escunas. Finalmente, os cruzeiros geram milhares de postos de trabalho diretos e indiretos a bordo e em terra, criando empregos qualificados e bem remunerados a uma multidão de brasileiros, alguns deles egressos de resorts, em busca de melhor remuneração, estabilidade em contratos mais longos, carreira internacional e valorização profissional.
Os cruzeiros, com temporadas cada vez maiores em nosso litoral, chegando a 8 meses, contribuem MUITO para a quebra da sazonalidade no turismo, fazendo girar, muito antes do Natal e até bem depois do Carnaval, dezenas ou centenas de milhões de reais onde aportam, conforme o caso.
Enquanto Florianópolis há muito mergulhou na baixa estação, os cruzeiros continuam a levar turistas aos milhares a outros destinos nacionais, inclusive a Porto Belo, aqui ao lado, e a divulgá-los para o mundo, através de seus sites e impressos, que atingem bilhões de turistas em potencial ao redor do mundo todo! Quanto custaria esta mega-divulgação internacional do litoral catarinense à SANTUR, que as companhias de cruzeiros fazem gratuitamente todos os dias do ano, ano a ano, sem um único real do Fundo Estadual do turismo?! Os números são tão expressivos, que foi preciso uma pesquisa da FGV para consolidá-los.
Créditos de texto: Portal da Ilha
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